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Trump mira a Venezuela para combater narcotráfico, mas droga que mais causa overdoses nos EUA vem do México

EUA atacam outro barco na costa da Venezuela; 3 morrem O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu nesta quinta-feira (23) bombardeios de barcos no ...

Trump mira a Venezuela para combater narcotráfico, mas droga que mais causa overdoses nos EUA vem do México
Trump mira a Venezuela para combater narcotráfico, mas droga que mais causa overdoses nos EUA vem do México (Foto: Reprodução)

EUA atacam outro barco na costa da Venezuela; 3 morrem O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu nesta quinta-feira (23) bombardeios de barcos no Caribe e no Oceano Pacífico alegando combater o narcotráfico e salvar vidas americanas. A operação tem como alvo a Venezuela, mas dados oficiais apontam que o principal problema das overdoses de fentanil nos EUA vem do México, e não do país sul-americano. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Em agosto, os EUA enviaram navios de guerra, aeronaves, militares e um submarino para o Caribe visando impedir que drogas fossem transportadas da América do Sul para o território norte-americano. Por outro lado, a imprensa americana tem reportado que o objetivo real da ação seria uma manobra militar para derrubar o governo de Nicolás Maduro, na Venezuela. Nos últimos dias, duas embarcações foram bombardeadas no Oceano Pacífico, em águas internacionais próximas da Colômbia. Em pouco mais de um mês, ao menos nove barcos foram atacados, resultando na morte de mais de 30 pessoas. Os bombardeios têm sido alvo de críticas, inclusive de especialistas independentes da ONU, que os classificam como "execuções extrajudiciais". Isso porque os EUA usam as Forças Armadas para atacar as embarcações sem recorrer antes a medidas para prender os suspeitos. Na quarta-feira (22), Trump afirmou que cada barco destruído pelos militares salvava milhares de vidas nos Estados Unidos. Nos últimos dias, duas embarcações foram bombardeadas no Oceano Pacífico, em águas internacionais próximas da Colômbia. "A única maneira de você não se sentir mal por isso é perceber que, toda vez que isso acontece, você está salvando 25.000 vidas americanas. Cada explosão desses barcos está salvando 25.000 vidas americanas, sem falar nas famílias destroçadas por todo o país", justificou. Nesta quinta-feira (23), Trump afirmou que as drogas estão matando 300 mil pessoas por ano nos Estados Unidos. Dados oficiais de 2023 indicam que 105 mil pessoas morreram por overdose nos EUA, sendo que 69% desses casos envolveram fentanil. Segundo a Agência Antidrogas dos EUA — órgão do governo —, praticamente todo o fentanil que chega ao país é produzido no México. A agência afirma que a Venezuela praticamente não participa da produção ou do contrabando de fentanil para os EUA. Trump também declarou nesta quarta-feira que a China estaria enviando fentanil para os EUA por meio da Venezuela, sem apresentar evidências que comprovem a afirmação. "Eles [China] estão fazendo isso, mas agora estão pagando uma tarifa de 20% por causa do fentanil. São bilhões e bilhões de dólares que eles estão pagando." Embora as substâncias químicas que compõem o fentanil venham da China, a droga é produzida em milhares de laboratórios no México e levada aos EUA pela fronteira. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, da agência da ONU para drogas e crimes, o consumo de entorpecentes cresceu ligeiramente nos EUA nos últimos anos, principalmente devido à epidemia de fentanil. O relatório também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela. A cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população norte-americana e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru. Já cannabis, que lidera a lista de drogas mais consumidas nos EUA, teve o uso recreativo legalizado em quase metade dos estados. Algumas regiões possuem até fazendas de maconha. Dados oficiais do governo indicam que a substância não é associada a mortes por overdose no país. LEIA TAMBÉM Sem citar diretamente a Venezuela, Trump diz que fará ação terrestre contra cartéis em breve 'Night Stalkers': quem é o grupo de elite dos EUA visto perto da Venezuela e que atuou na morte de Bin Laden Possível operação O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante fala sobre cartéis em 23 de outubro de 2025 REUTERS/Jonathan Ernst Desde setembro, segundo a imprensa americana, o governo Trump avalia uma operação militar que pode incluir ataques à Venezuela. Estruturas ligadas a cartéis de drogas estariam entre os possíveis alvos. Um mês antes, o Departamento de Justiça ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão do presidente venezuelano. Depois, o governo norte-americano anunciou o envio de navios e aeronaves militares para o Caribe, em uma área próxima à costa venezuelana, alegando se tratar de uma operação contra o tráfico internacional de drogas. Nas semanas seguintes, vários barcos foram bombardeados no Caribe. O governo alegou que todos transportavam drogas e "narcoterroristas". Nesta quinta-feira, Trump afirmou que irá atacar cartéis de drogas por terra em breve. Segundo ele, não será necessário declarar guerra para que as operações aconteçam. Ele não citou nenhum país como alvo. "Bem, não acho que vamos necessariamente pedir uma declaração de guerra. Acho que vamos apenas matar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país. Certo? Vamos matá-las." Já o secretário de Guerra, Pete Hegseth, afirmou que os militares americanos irão caçar e matar todos os “terroristas” que traficam drogas para os Estados Unidos. "Estas são organizações terroristas estrangeiras designadas. São o Estado Islâmico e a Al-Qaeda do Hemisfério Ocidental. Nossa mensagem para essas organizações terroristas estrangeiras é: trataremos vocês como tratamos a Al-Qaeda." Ações da CIA O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante evento indígena em 12 de outubro de 2025 Frederico Parra/AFP Na quarta-feira, o jornal The Washington Post revelou que os Estados Unidos preparam uma escalada nas ações na costa da Venezuela que podem tirar Nicolás Maduro do poder. Agentes secretos da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) estariam diretamente envolvidos. Trump já admitiu ter autorizado operações da CIA na Venezuela. A informação foi revelada primeiro pelo jornal “The New York Times”, que afirmou que “operações letais” estavam no radar. Agora, o Washington Post informou que fontes do jornal tiveram acesso a um documento confidencial no qual o presidente norte-americano autoriza ações secretas e pede “ações agressivas contra o governo venezuelano”. “O documento não ordena explicitamente que a CIA derrube Maduro, mas autoriza medidas que podem levar a esse resultado”, afirma a reportagem. O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, afirmou nesta quinta-feira que o governo Maduro sabe que a CIA está no país. “Podem enviar quantas unidades quiserem em operações encobertas a partir de qualquer ponto do país. Qualquer tentativa vai fracassar”, afirmou. VÍDEOS: em alta no g1 Veja os vídeos que estão em alta no g1