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Crise global de chips ameaça paralisar montadoras no Brasil em semanas, alerta associação

Volkswagen prevê paralisações por escassez de chips e alerta funcionários na Alemanha Um conflito entre a Holanda e a China pela gestão de uma empresa fabr...

Crise global de chips ameaça paralisar montadoras no Brasil em semanas, alerta associação
Crise global de chips ameaça paralisar montadoras no Brasil em semanas, alerta associação (Foto: Reprodução)

Volkswagen prevê paralisações por escassez de chips e alerta funcionários na Alemanha Um conflito entre a Holanda e a China pela gestão de uma empresa fabricante de chips está preocupando o setor automotivo do Brasil, que teme novas paralisações em montadoras de carros por falta de semicondutores. Representantes do setor, montadoras e o governo federal emitiram notas falando sobre os possíveis impactos nas fábricas em solo brasileiro já nas próximas semanas. A preocupação global teve início após o governo holandês assumir o controle da Nexperia — empresa de capital chinês — no mês passado, alegando preocupações com a propriedade intelectual. Ao mesmo tempo, a China passou a restringir a exportação de produtos essenciais para as montadoras em todo o mundo, como os chips e semicondutores. A possível escassez de chips e semicondutores, por causa da limitação das exportações da empresa, preocupa o Brasil, mas também países da Europa. Nesta semana, a Volkswagen informou que prevê paralisações na Alemanha, por exemplo. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp Ao g1, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que “está atenta e preocupada com o risco de paralisação da produção de veículos no país devido à escassez crítica de semicondutores”. Ainda segundo a entidade, o impacto nas fábricas do Brasil pode chegar em algumas semanas e pode ser semelhante ao do período da pandemia de Covid-19, quando fábricas ficaram fechadas, houve layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e demissões. Diante da nova crise prevista no setor, a Anfavea pediu apoio ao governo federal para evitar grandes impactos na indústria nacional. A entidade destaca que o setor emprega mais de 1,3 milhão de pessoas no Brasil. “Arrisca parar montadoras no Brasil. Um veículo moderno usa, em média, de 1 mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, informou a Anfavea em nota. “A atual crise remete a um cenário semelhante ao vivido durante a pandemia. O impacto da falta de semicondutores vai além do setor automotivo, afetando uma gama de segmentos industriais que dependem desses componentes. Nesse sentido, a Anfavea já alertou o governo federal para que tome medidas rápidas e decisivas para evitar o desabastecimento de semicondutores no país”, completou a Anfavea. Imagem de arquivo - Linha de produção do Tera, novo SUV da Volkswagen Divulgação/Volkswagen Ao g1, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmou que “o governo brasileiro está acompanhando os eventuais efeitos de interrupções da cadeia global de suprimento de semicondutores e está em diálogo com a indústria brasileira para buscar soluções que evitem danos às empresas e aos empregos”. Montadoras como a Hyundai e Renault admitiram preocupação com o cenário de escassez de peças essenciais para a produção de veículos. A Renault, montadora francesa que conta com duas fábricas no complexo Industrial Ayrton Senna (CAS), em São José dos Pinhais (PR), disse que estabeleceu uma unidade de monitoramento e que está em contato diário com fornecedores, que buscam soluções alternativas para garantir a continuidade da produção. Ainda segundo a Renault, “neste momento, o impacto potencial permanece limitado, e os lançamentos atuais não serão afetados, mas todo o setor permanece em estado de alerta”. Fábrica da Hyundai em Piracicaba Thomaz Fernandes/G1 Já a Hyundai, indústria automotiva da Coreia do Sul com fábrica em Piracicaba (SP), informou que “está atenta aos acontecimentos internacionais que afetam, em algumas regiões, o abastecimento de chips e semicondutores eletrônicos”. A empresa reoforçou que, “até este momento, não há risco de interrupção da produção na fábrica de Piracicaba (SP).” A Volvo, empresa sueca que produz caminhões e ônibus em Curitiba (PR), Pederneiras (SP) e São José dos Pinhais (PR), disse ao g1 que “está monitorando de perto essa questão” e iniciou “o mapeamento da cadeia de fornecedores para avaliar eventual impacto". A BYD, que tem fábrica na Bahia, reforçou que, pela estratégia de integração vertical, produzindo internamente a maior parte dos componentes essenciais, o abastecimento de semicondutores não será afetado na planta. A montadora Nissan, com planta em Resende (RJ), e a Caoa, com sede no Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), em Goiás, informaram que não vão comentar o assunto. O g1 também acionou as montadoras BMW, Stellantis, Honda, Great Wall Motors (GWM), HPE (Mitsubishi e Suzuki), Jaguar Land Rover, Toyota, Volkswagen e General Motors sobre o caso e aguarda retorno. A reportagem será atualizada caso as empresas se manifestem. Impactos da escassez Ao g1, o economista Luiz Carlos Laureano da Rosa, que possui Mestrado e Doutorado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e é professor universitário, com conhecimento no mercado de indústria automotiva, apontou que a escassez é um problema global e que um dos grandes riscos da paralisação são as demissões. “Depois que o governo holandês assumiu o controle dessa empresa, citando questão de segurança nacional, obviamente que a China, em retalhação, suspendeu as exportações de chips dessa empresa, interrompendo o fornecimento de chips vitais para toda a cadeia automotiva, afetando fabricantes, pessoas e consequentemente as montadoras, em todo o mundo, incluindo o Brasil”, disse. “A indústria automotiva brasileira é terrivelmente suscetível à crise devido à sua dependência da cadeia de suplemento global, o que pode levar a uma paralisação da produção do país. Pode ter um efeito muito grande para as empresas. Pode ter até desemprego, porque sem as peças vai ter que paralisar. E aí como que faz com os empregados? Você vai pagar os empregados e não tá produzindo, não tá entrando dinheiro? Então é muito complicado”, avaliou. Ainda segundo o economista, além dos impactos para montadoras, empresas que prestam serviços para as fabricantes também devem sofrer com a crise. Ele avalia que investir em produção nacional de chips e semicondutores é uma forma de fortalecer a indústria local e evitar novos problemas no futuro. “E não podemos esquecer também que essas empresas montadoras que nós temos aqui no Brasil têm uma série de empresas satélites em volta delas que produz para elas. Então essas empresas satélites também vão parar, também vão mandar embora. Então olha como que isso aí é um prejuízo muito grande para o país, para o PIB, para o desenvolvimento nosso, é bastante complicado”, afirmou Laureano. “Isso aí inclusive mostra como o país, no caso Brasil, tem que tentar desenvolver esse tipo de produto para não ficar em uma dependência muito grande, ou diversificar, tentar comprar de outros fornecedores”, ponderou o economista. Linha de produção do Tera, novo SUV da Volkswagen Léo Nicolini/g1 Carro é produzido em fábrica da Volkswagen. Divulgação/Volkswagen Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina